Há quem diga que pisar na m&rd@ dá sorte. No meu caso,
isso é quase sempre sinônimo de azar e em alguns casos, de prejuízo, como nesse
causo que me aconteceu já tem um tempinho, quando eu ainda era uma intrépida
repórter de agronegócio e passava mais dias na estrada do que em São Paulo.
Aaaah tempo bom… Eu e o fotógrafo voamos até Goiânia, de onde seguimos de carro
até uma cidadezinha no interior de Goiás, onde mal havia um hotel para se
hospedar. Nossa missão era fazer uma matéria de negócios com um grande
pecuarista da região, conhecer a fazenda, coletar dados e fazer muitas e muitas
fotos.
Na manhã da entrevista fomos até à fazenda depois de uma
experiência única em um “hotel” e tanto. Mas isso fica pra outro post. O proprietário
da fazenda, muito gentil, nos levou para conhecer todas as instalações e estava
animado e disposto a fazer as fotos e a providenciar tudo o que precisássemos
de material para a produção do cenário. Eis que percorrendo o curral, no meio
de um papo sobre detalhes de produtividade e manejo, paramos em um pequeno
corredor que passava entre duas fileiras de vacas que comiam calmamente, de
costas para nós, balançando seus rabinhos para lá e para cá.
Me lembro de estar usando uma bota de montaria, dessas que
toda mulher tem pra usar no inverno e de já ter pisado nos dejetos das vacas
mais de um milhão de vezes desde que eu chegara ali. Até aí, nada de mais,
fazia parte do trabalho. O solado da minha bota já estava alguns centímetros
mais alto de tanto escorregar e pisar nas ditas cujas, mas eu me mantive ali,
firme e forte. Até o momento em que uma das malditas vacas, literalmente vaca,
levantou seu rabo e expeliu um jato de urina em nossa direção, que somado ao
vento forte que coincidentemente bateu naquele momento, nos fez tomar um banho
de xixi. E eu, que já tinha atolado o pé na lama, pra não dizer outra coisa,
agora, tinha sido brindada com uma chuva de urina.
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Fonte: http://i225.photobucket.com/albums/dd59/blogadao/Blogadao/urina_03.jpg |
Tenho certeza que a danada calculou a ação, certamente devia
estar cansada daquela vidinha de comer, balancar o rabo, engordar, balancar o
rabo de novo e dar leite e resolveu deixar o dia mais animado. Minha blusa e
parte da lateral da minha calça foram atingidas com o presente, mas nem me
importei muito, pensei: “No aeroporto eu troco de roupa”. Quando chegamos ao
aeroporto, estávamos em cima da hora para o embarque, mal deu tempo de ir ao
toalete. Mas consegui entrar correndo no banheiro, trocar a blusa, e renovar o
desodorante. Ao abrir a mala, me dei conta de uma coisa. Eu não tinha outra
calça ou sapato para trocar. Como a viagem era um bate volta, apenas de uma
noite, eu sequer levei sapato reserva.
O resultado disso é que a minha calça secou e os dejetos das
vacas na sola da bota também secaram. E é justamente quando eles secam, que na
minha opinião, eles mais fedem. Entramos no avião, eu e o fotógrafo, carregando
conosco aquele cheiro agradável de curral. Por onde passávamos, percebíamos os
olhares das pessoas. Eis que então meu colega de trabalho, ciente da situação,
vira para o meu lado e comenta: “Estavam bonitas aquelas cabeças de gado na sua
fazenda, hein? A produtividade está aumentando que é uma beleza!” Pronto:
passamos de mal cheirosos a fazendeiros, em um segundo. Depois de rirmos da
situação, eu me ajeitei na poltrona e dormi, sonhando com as “minhas cabeças
de gado”… e com um banho!