segunda-feira, 7 de junho de 2010

Is we in the train!!


Todos os dias o trem carrega mais do que pessoas por São Paulo. Atravessa bairros, ruas, passa por inúmeras estações, carrega histórias, lembranças, dissabores, carrega vida. Embora muitas vezes as pessoas se pareçam mais com bonecos, estáticos, à toa. O trem, que por décadas levou o desenvolvimento ao interior do País, ainda hoje leva para todos os cantos as aqueles que fazem o País prosperar, produzir. Em alguns meses indo e vindo diariamente no trem presenciei encontros, desencontros, pessoas felizes, pessoas tristes. Alguns gostam de conversar, outros nem tanto. Muitos passam todo o caminho em silêncio, entretidos com suas leituras ou perdidos em devaneios enquanto ouvem suas músicas no mp3. Sonhos, frustrações e pensamentos. Projetos, vontades, questionamentos. O que foi e não deveria, o que poderia ter sido, mas não foi. Em algumas das minhas viagens eu sou como aquelas pessoas. Em outras não. Na maior parte das minhas viagens de trem, quem me acompanha, geralmente na volta do trabalho para casa é Eduardo Savanachi, também repórter e meu colega de trabalho. Nas primeiras vezes em que pegamos o trem juntos, logo que eu havia entrado na editora, nossas conversas eram similares a papo de elevador:

Eduardo: e aí Ju, tá gostando?
Eu: tô sim, o trabalho é bem legal…
Eduardo: ah, que bom.

Isso era tudo o que conversávamos ao longo do trajeto que incluía uns 20 minutos de trem e outros 20 de metrô, todos os dias… bons tempos aqueles, rss. Porque agora…. Preciso levantar a mão pra ter uns minutos pra falar!! Hahahah. O fato é que de tanto fazermos o mesmo trajeto nas idas e vindas do trabalho, o papo tinha que se desenvolver, senão era mais fácil cada um entrar num vagão diferente e ir ouvindo música. Mas, como toda história sempre tem um mas e como liberdade é uma merda mesmo, hoje a gente só fala abobrinha. Tem de tudo, desde as histórias da época em que o Edu era um quase rockstar, passando pela minha fase roqueira em Bauru city, depois pela faculdade e pela pinga de garrafa pet, pelas doses de vodka no gira-gira e por aí vai. Até música em homenagem ao trem o Edu já compôs!! Foi uma paródia da música O trem das 7, do Raul Seixas, que até agora deve estar incorfomado no túmulo com o estrago que causaram… Brincadeiras à parte, eu adorei a nova versão, que conta inclusive a passagem em que a Vivi, nossa outra colega de bancada e revista, dança na plataforma enquanto espera o trem. Mas esse é um outro causo.

No resumo, quase não dá pra aproveitar o teor das coisas que a gente fala, sem contar que basta olhar para o lado e ver na cara dos demais passageiros os pontos de interrogação ao ouvirem nossas conversas “construtivas”. Independente disso, o fato é que eu me mato de rir com as coisas que a gente fala e de quebra ganhei um novo amigo. Depois de um dia corrido e estressante de trabalho, só a ideia de pegar um trem pra chegar em casa desanima qualquer criatura. No nosso caso, apesar de ser cansativo e de eu odiar andar de trem, eu diria que o trajeto é uma espécie de terapia, porque a gente se diverte falando asneira. Só fica faltando mesmo uma cerveja gelada e um pote de amendoim pra acompanhar. Se bem que se for numa sexta-feira, tudo isso é providenciável e por apenas um real cada item. Pelo menos é o que gritam os vendedores ambulantes pelos vagões, que continuam indo e vindo, repletos de pessoas e histórias… As minhas, as suas, as nossas.