segunda-feira, 19 de julho de 2010

O dia em que descobri a importância de um bom oftalmologista

Quem me conhece bem sabe que desde criança, acho que desde os 6 anos, eu uso óculos. O grau sempre foi baixinho, bem menos que 1º, para miopia (até hoje não decorei, é isso que tem quem não enxerga de longe?) e astigmatismo (já me explicaram um milhão de vezes no que consiste e eu sempre esqueço). Bom, o fato é que trabalhando ao longo de alguns anos diante de um computador por no mínimo oito horas diárias e acrescentando o tempo de computador em casa e na frente da tv, minha vista tá bem ruinzinha nos últimos tempos. Tenho enxergado tudo bem embaçado, isso me incomoda, digo que vou ao oftalmologista, mas a correria sempre me faz deixar a consulta para depois.
Enquanto o enxergar embaçado não te faz passar por nenhuma situação ridícula, do tipo entrar tagarelando na roda errada de amigos (sim, eu já fiz isso quando era adolescente e ainda enxergava perfeitamente), está tudo sob controle, mas esse não foi o meu caso. No último feriado, depois de três meses sem ir visitar a família no interior, fiz as malas e fui feliz e contente rumo à Araraquara. Depois de cinco horas de viagem e uns cochilos, desci na rodoviária e fiquei sentadinha em um banco à espera de meu amado pai. Antes tivesse ficado por ali até ele ir me buscar pelas mãos…



Mas não, criatura apresssada, logo vi um carro igualzinho ao do meu pai (juro, era o carro dele!!!) parar próximo ao estacionamento. Olhei de longe e embaçadamente o vi lá dentro, calça de moleton preta e uma blusa de frio meio bege e o óculos pendurado no pescoço. Ok, meu pai tem uma roupa assim. Não pensei duas vezes, levantei, fui feliz e contente em direção ao veículo. Abri a porta de trás calmamente, coloquei (não, na verdade eu joguei) a minha mala no banco de trás, abri a porta da frente, sentei no banco do passageiro e olhei para o lado. Acho que demorou uns segundos pra eu me tocar que o “meu pai” estava um pouco diferente. Forcei os olhos pra ver se conseguia focar direito, devo ter feito uma careta horrível por causa do susto que tomei e aí pensei: “Meu Deus, será que em três meses meu pai emagreceu tanto que ficou assim???? Ou será que ele tá doente e ninguém me contou??”

Quando já estava me forçando a acostumar com o meu pai meio esquisito e desfigurado, o pouco de bom senso que me resta se fez presente: Não, aquele não era o meu pai, eu tinha entrado no carro errado!!!!! Fiquei uns segundos olhando pra frente, pensando no que dizer, virei para o senhor e disse: Acho que você não é meu pai… Ele, sério e na maior calma do mundo, respondeu: Não, eu só vim buscar a namorada do meu filho… Juro que o tom dele era uma tentaviva desesperada de se explicar, como se ele tivesse entrado no meu carro e não eu no dele!!! Aí eu comecei a rir muito, pedi desculpas, saí do carro, dei de cara com a tal nora do cara, falei sei lá o quê, abri a porta de trás, tirei a minha mala e fiquei em pé, parada lá no estacionamento, rindo igual a uma retardada. Quem viu a cena, não deve ter entendido nada e aposto que o cara que tava sentado do meu lado no banco, esperando irem buscá-lo assistiu tudo de camarote e se matou de rir. Mas eu nem me dei ao trabalho de olhar pra trás, pra não piorar as coisas.

Só sei que até hoje não acredito que fiz isso. Claro que quando meu pai chegou eu contei a ele e pra minha mãe o que tinha acontecido. Eles se mataram de rir e minha mãe disse que sentia vergonha pelos outros, no caso, por mim. Pena que ninguém filmou tudo e pena maior ainda que eu estava sozinha, não tinha ninguém pra rir comigo na hora. Agora, uma coisa me intriga: por quê aquele senhor ficou pacientemente só observando o que essa doida que vos escreve ia fazer? Por quê ele não falou algo como: Ei, sai do meu carro, quem é você? Vai ver ele estava viajando… Ou vai ver ele também enxerga tão mal quanto eu (lembrem-se do óculos pendurado no pescoço). O fato é que a resposta eu nunca saberei. Depois dessa já avisei lá em casa: todo mundo que for me buscar em qualquer lugar ou desce do carro e vai até mim, ou buzina, ou liga no meu celular. Do banquinho, espontaneamente, eu juro que nunca mais levanto!!! Ah, a consulta no oftalmo? Ainda não marquei, mas eu irei, em breve, bem antes de trombar num poste ou cumprimentar o amigo errado.

2 comentários:

Eduardo disse...

Querida Ju, esquece a consulta no oftalmo. Você não precisa disso não. Eu vou te passar o contato de um psiquiatra, muito competente e discreto. Ele sim poderá, quem sabe, resolver o seu problema!!! Eu, hein....

Jullies disse...

Querido Edu, depois de meses convivendo comigo você deveria saber que eu sou uma pessoa super equilibrada, calma e que bom senso é o meu sobrenome. Por isso, agradeço muito a sua indicação de um psiquiatra, mas acho mesmo que meu problema seja "os zóio"... Atenciosamente, vou te falar quem é a louca aqui, vc vai ver só!! Hahahahaha.