domingo, 29 de setembro de 2013

Sobre vacas, xixis e outras coisas…


Há quem diga que pisar na m&rd@ dá sorte. No meu caso, isso é quase sempre sinônimo de azar e em alguns casos, de prejuízo, como nesse causo que me aconteceu já tem um tempinho, quando eu ainda era uma intrépida repórter de agronegócio e passava mais dias na estrada do que em São Paulo. Aaaah tempo bom… Eu e o fotógrafo voamos até Goiânia, de onde seguimos de carro até uma cidadezinha no interior de Goiás, onde mal havia um hotel para se hospedar. Nossa missão era fazer uma matéria de negócios com um grande pecuarista da região, conhecer a fazenda, coletar dados e fazer muitas e muitas fotos.

Na manhã da entrevista fomos até à fazenda depois de uma experiência única em um “hotel” e tanto. Mas isso fica pra outro post. O proprietário da fazenda, muito gentil, nos levou para conhecer todas as instalações e estava animado e disposto a fazer as fotos e a providenciar tudo o que precisássemos de material para a produção do cenário. Eis que percorrendo o curral, no meio de um papo sobre detalhes de produtividade e manejo, paramos em um pequeno corredor que passava entre duas fileiras de vacas que comiam calmamente, de costas para nós, balançando seus rabinhos para lá e para cá.

Me lembro de estar usando uma bota de montaria, dessas que toda mulher tem pra usar no inverno e de já ter pisado nos dejetos das vacas mais de um milhão de vezes desde que eu chegara ali. Até aí, nada de mais, fazia parte do trabalho. O solado da minha bota já estava alguns centímetros mais alto de tanto escorregar e pisar nas ditas cujas, mas eu me mantive ali, firme e forte. Até o momento em que uma das malditas vacas, literalmente vaca, levantou seu rabo e expeliu um jato de urina em nossa direção, que somado ao vento forte que coincidentemente bateu naquele momento, nos fez tomar um banho de xixi. E eu, que já tinha atolado o pé na lama, pra não dizer outra coisa, agora, tinha sido brindada com uma chuva de urina. 


Fonte: http://i225.photobucket.com/albums/dd59/blogadao/Blogadao/urina_03.jpg


Tenho certeza que a danada calculou a ação, certamente devia estar cansada daquela vidinha de comer, balancar o rabo, engordar, balancar o rabo de novo e dar leite e resolveu deixar o dia mais animado. Minha blusa e parte da lateral da minha calça foram atingidas com o presente, mas nem me importei muito, pensei: “No aeroporto eu troco de roupa”. Quando chegamos ao aeroporto, estávamos em cima da hora para o embarque, mal deu tempo de ir ao toalete. Mas consegui entrar correndo no banheiro, trocar a blusa, e renovar o desodorante. Ao abrir a mala, me dei conta de uma coisa. Eu não tinha outra calça ou sapato para trocar. Como a viagem era um bate volta, apenas de uma noite, eu sequer levei sapato reserva.

O resultado disso é que a minha calça secou e os dejetos das vacas na sola da bota também secaram. E é justamente quando eles secam, que na minha opinião, eles mais fedem. Entramos no avião, eu e o fotógrafo, carregando conosco aquele cheiro agradável de curral. Por onde passávamos, percebíamos os olhares das pessoas. Eis que então meu colega de trabalho, ciente da situação, vira para o meu lado e comenta: “Estavam bonitas aquelas cabeças de gado na sua fazenda, hein? A produtividade está aumentando que é uma beleza!” Pronto: passamos de mal cheirosos a fazendeiros, em um segundo. Depois de rirmos da situação, eu me ajeitei na poltrona e dormi, sonhando com as “minhas cabeças de gado”… e com um banho!

Mas e a bota? Bom, a bota, eu nunca recuperei. O cheiro de urina e esterco impregnaram de tal forma no couro do sapato que eu tentei de tudo. Sabão, amaciante, álcool, desinfetante, sol… nada deu jeito. Depois de uns meses ela embolorou e eu finalmente desisti e a joguei no lixo. Já a calça, ainda participou de muitas pautas rurais depois de um bom tempo de molho e uma lavagem daquelas.

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