terça-feira, 25 de agosto de 2009

Sobrou até para o Euclides da Cunha

Desde que comecei a escrever o blog, há uns 3 meses, tenho evitado falar sobre assuntos políticos, apesar de acompanhá-los diariamente. Mas ontem, li a notícia sobre a discussão entre o presidente do senado José Sarney e o senador Eduardo Suplicy e não me contive. Xingar, amaldiçoar, dizer que Brasília é um circo ou a casa da mãe Joana já não satisfaz minha revolta. A indignação é tamanha que faltam palavras para descrever o que sinto.
A discussão rolou no momento em que o excelentíssimo presidente da casa discursava em homenagem ao centenário da morte do escritor Euclides da Cunha. Ok, o escritor merece sim ser homenageado e o foi em diversos locais Brasil afora, mas na boa, eu se fosse ele estaria me revirando no túmulo ao ser homenageado por um político que tem 11 acusações, as quais resultaram em processos, arquivados com uma tremenda cara de pau, no nariz de todos nós. Sobrou até para o pobre escritor. Eu, no lugar do senador, teria vergonha. Já não bastam as denúncias? Porque não aproveita o tempo em que está no plenário para trabalhar em prol da melhoria desse país?!Ao invés de fazer alguma coisa útil pelo povo brasileiro, o que se vê é um desvio de foco dos últimos acontecimentos, como se nada de mais tivesse acontecido, para fazer homenagens...
O pior não é isso. Há anos a família Sarney toma conta do Maranhão. Basta olhar a quantidade de escolas, creches, hospitais, viadutos e demias patrimônios públicos que levam o sobrenome Sarney e o número de parentes seus ligados diretamente à política. Há anos o estado é um dos que apresentam os piores índices de desenvolvimento, quando se leva em conta fatores como saneamento básico, índice de escolaridade e emprego por exemplo. Em julho deste ano, pesquisa da Fundação Getúlio Vargas apontou Maranhão e Piauí como os estados brasileiros com os piores índices de desenvolvimento socioeconômico em 2007.
Não bastasse isso, pensem comigo: quanto tempo é desperdiçado com discursos e homengens no plenário, todos os anos? Isso sem falar nas férias, folgas e todos os outros dias em que ninguém aparece em Brasília. No final, chutando alto, deve sobrar uns 3, 4 meses para trabalho, que nossos políticos usam pra fazer esse vergonhoso espetáculo de denúncias, discussões, processos, CPIs e arquivamentos... Lamentável.
E aí, ao ser interrompido pelo senador Eduardo Suplicy - o qual hoje novamente se manifestou contra o presidente da casa, mostrando um cartão vermelho à Sarney e exigindo explicações sobre as denúncias - Sarney se irritou e disse ao colega que ele estava sendo deselegante em sua atitude... Brincadeira. Deselegante? E por acaso emprego de parentes em cargos públicos ou uso indevido de dinheiro público são atos dignos de alguém elegante ou de bom caráter? - característica aliás, que deveria ser pré-requisito para a candidatura de qualquer pessoa a qualquer cargo público, em qualquer nível hierárquico!
Sinceramente, a cada dia que passa mais pessimista eu me torno quando se trata de política. Essas velhas raposas estão envelhecendo, mas nas barras de seus paletós vem toda uma nova geração de filhos, primos, netos, sobrinhos e sei lá mais o quê, os quais vêm estudando na mesma cartilha, aprendendo as mesmas lições e contribuindo para afundar cada vez mais o nosso país. Funciona como aquelas pragas que a gente tenta erradicar, mas quando eliminamos um bichinho, surgem mais cem, iguaizinhos. Talvez possamos jogar pesticidas sobre todo o congresso, quem sabe.
Não, isso não é um artigo, nem nada do gênero, porque antes de tudo sou uma cidadã brasileira e estou me manifestando como tal. Deixo minha opinião e desabafo parcial frente aos últimos acontecimentos políticos desse país e de antemão já esclareço que não tenho nada de Nazista!!!! Se fazem o que querem com o dinheiro que arrancam dos meus bolsos à força por meio de tarifas e impostos, por que não posso falar o que eu acho dessa palhaçada toda?! E olha que fui bastante educada e elegante...

***** Ah!!! Lima Barreto tem uma obra póstuma, publicada em 1923, chamada Os Bruzundangas, que trata de um país fictício, situado entre as zonas subtropical e tropical, muito parecido com o Brasil em termos políticos, econômicos e culturais. Para quem quiser ler... qualquer semelhança é mera coincidência!!!! Será?

4 comentários:

Verônica Lima disse...

como assim vc tem um blog e nao me falaaaaaaa....

adorei!!!


oportuníssimo citar Lima Barreto, ainda mais nesses tempos...


Beijos! Amo vc!

dezo disse...

#FORASARNEY

Glauco disse...

Fazendo coro do "Fora Sarney", rsrsrs. Importante mesmo falar nessa grande "figura" de bigode tão peculiar. Homem de muitas palavras e artimanhas, que já é um personagem quase folclórico de nossa política, dada as grandes "relações" que ele tem naquela Casa. Apontar dedos sujos aos outros é feio, sabiam??? E quem de vós, "excelências" do meu Brasil não fariam (ou já fizeram?) o mesmo se dispusessem de um mecanismo """"legal""""? - esse merece muitas aspas mesmo. Alguém um dia disse isso, preocupante, né? O legal é ver atos secretos mostrando atitudes escusas, lamaçal, sujeirada, tava tudo escondido, e foi mostrado agora por um "ato secreto". Apareceu gente, mas quem quer pagar o pato? Melhor torcer logo o pescoço dele antes que alguém resolva responder...

Unknown disse...

poxa, pegou pesado hein, Juli? Pobre Sarney, precisava fazer uma homenagem ao Euclides da Cunha sim. Afinal de contas, ele tem que justificar a presença dele na Academia Brasileira de Letras homenageando um escritor ;-)

ps: este comentário foi irônico :-)